quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Acreditar

Uma das perguntas que oiço com frequência é se acredito em algo em particular ou em algo mais abstracto, ou seja, se tenho alguma crença num Deus que nos governe.
Confesso que é uma pergunta que tem o condão de me irritar, porque raramente é feita com o intuito da descoberta pura dos "santos do meu altar". Ora vem carregada de escárnio, como se fosse a maior ridicularia acreditar naquilo sobre o qual sou no momento questionada, ora vem carregada com a certeza da minha crença, como se fosse absurdo não acreditar naquilo sobre o qual me questionam.
Qualquer uma destas formas de questionamento dificilmente conduz a uma conversa esclarecedora, quer seja pela má vontade que induzem à minha resposta, quer seja pela falta de interesse de quem pergunta numa resposta que não confirme aquilo em que já acredita.
Ao contrário de São Tomé, não preciso de ver ou de tocar para acreditar mas preciso de ser tocada para poder acreditar. E há coisas que me tocam profundamente, coisas como o amor, a coragem, a beleza, a fraternidade. Ao ser tocada por elas eu sei com todo o meu ser que existem e acredito. Acredito nelas e no seu poder de união, transformação e elevação. Estas são as coisas boas. Numa visão maniqueísta, existem também as coisas más ou se assim o quisermos existe o bem e o mal e eu acredito no engenho do mal porque também já o experienciei. Se tomarmos Deus e o Diabo como bastiões do Bem e do Mal na esmagadora maioria das tradições religiosas e espirituais, embora sob outras formas, então eu acredito em Deus e no Diabo porque já os experienciei. Se são realidades internas ou externas? Não sei. Mas acredito.

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